1 de set. de 2011

Eu não sei orar


 Por Marco Alcantara

Lembrei que a um tempo atrás eu não sabia orar. Sempre gostei de orar e até confesso que por uma época da minha vida orava muito mesmo e incansavelmente e isso foi logo nos primeiros meses da minha conversão.

Mas desde aquela época o que vinha em minha mente era que talvez a quantidade não estivesse representando qualidade. Talvez eu não estivesse usando a melhor forma e às vezes pensava que o mais correto era orar de joelhos ou ainda de rosto no chão.

Pensava em uma oração de poder, uma oração com sentimento e emoção dependendo do momento litúrgico da igreja. Afinal, em nossa igreja sempre procuravamos as formulas e formas corretas de fazermos as coisas.

Como orar? Como jejuar? Como ser? Como fazer?

Nunca buscamos a inspiração necessária com o Pai por que esquecemos que temos esse acesso livre através da própria oração.
E assim o rapaz que não sabia orar, mas orava muito mesmo sem saber passou a ter em sua oração os mais usuais jargões do meio gospel, trechos de músicas, textos isolados da bíblia até chegar o ponto de mecanizar sua oração fazendo que ela saísse por sua boca sem antes arder em sua alma.

A oração se tornou uma oratória solitária, que não era mais com um Amigo que eu falava, mas falava com alguém distante, formal, impessoal, ávido critico e às vezes impenetrável. 

O tempo passou e percebi que precisava desaprender como se ora. Eu tinha que voltar para aquele velho bate papo informal e intimo. Deveria bater um papo com o meu Pai sem buscar em mim mesmo palavras certas ou buscar em outras pessoas tais palavras.

Deveríamos desaprender a orar e começar a oração expressando nossa dependência de filhos que pedem pela atenção do seu Pai. 

Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus...” (Mateus 6:9)

Desaprendi a orar e comecei a discorrer infantilmente Aba Pai com um intimo espírito de adoção. Larguei os esquemas e traquejos que aprendi por ai, não existe mais em mim aquele tom vazio de “Ó Deus, abençoa os irmãos” que causa bom efeito em quem ouve, mas que sai tão automático e fraco a quem diz.

Quando desaprendi a orar não consegui mais fazer a oração simples de agradecimento dos meus alimentos, mas consigo agora arder e glorificar a cada mastigada e dizer Pai como está bom.  Não peço hipocritamente que meu irmão mais humilde também tenha o direito ao pão, mas vivo ardendo por essa justiça com sede que não cessa.

Desaprendendo a orar novamente entendi que no começo estamos certos em nossa simplicidade, em nossa busca incessante por um relacionamento intimo. E isso me fez a tomar gosto novamente pela oração, não me importando se estou em pé, no ônibus orando no meu intimo, sentado no sofá. E assim sigo fazendo de minha oração uma oração constante, real e direta com o Pai.

E, quando orares, não sejas como os hipócritas”  Mateus 6:5

4 comentários:

Marli disse...

Muito legal, eu concordo plenamente, pq tenho orado assim, onde estou ndeendente do que esteja fazendo, e tenho pensado meu Deus eu não tenho orado mais como se deve, tipo exatamente orando a biblia, (alguma palavra), ou começando querido e bondoso Deus Excelsso e soberano pai rs., mas tenho conversado mais intimamente e esse texo me deu a resposta que eu queria . Gostei de ler isso.

Adilson Martins disse...

Interessante é que as vezes ficamos preocupados em usar palavras difíceis com o objetivos de chamar a atenção Deus, e no entanto, Deus quer apenas que ao orar sejamos sinceros, que as palavras brotem do nosso coração.
Abraços,

LETÍCIA disse...

Obrigado irmão!
Palavras tão simples,porém profundas!
Fui edificada...
Deus continue te abençoando!

Anônimo disse...

Meu deus que palavras sábias!! Obrigado a vc autor. Nós só lembramos de deus nos momentos difíceis, quando estamos numa boa tudo é esquecido.

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