13 de abr. de 2009

A Festa de Babette

Na desolada costa da Dinamarca vivem Martina e Philippa, as belas filhas de um devoto pastor protestante que prega a salvação através da renúncia. As irmãs sacrificam suas paixões da juventude em nome da fé e das obrigações, e mesmo muitos anos depois da morte do pai, elas mantêm vivos seus ensinamentos entre os habitantes da cidade. Babette refugia-se da guerra que assombra a França, na casa das recatadas solteironas Martina e Philippa filhas do então falecido pastor e mentor do lugarejo.

Aos poucos, seus dotes culinários invadem a alimentação insípida que se caracteriza na rotina dos habitantes, até que um fato inesperado lhe propicia oferecer um jantar, que sutilmente vai conquistando o paladar dos convidados.

A Festa de Babette é o desabrochar da alma, na descoberta do prazer sem culpa. Sua festa, é claro, escandaliza os mais velhos do lugar. Quem é esta surpreendentemente talentosa Babette, que tem apavorado os moradores desta devota cidade com a perspectiva deles perderem suas almas por deleitarem-se com prazeres terrenos?

Babette estava em um lugar onde se via pecado em tudo onde a graça se tornou desgraça pelo fato de não haver mais gosto pela vida.

A vida naquele lugar agora era só uma pena, um martírio passageiro para um plano maior; o céu. Os rostos eram rígidos as passadas pesadas, rancor entre pessoas e brigas que não eram declaradas e assim também não eram perdoadas. Por que a ofensa que não foi revelada também não pode ser perdoada.

Mas Babette que quando criava seus pratos fora comparada a uma bruxa e realmente fez algo inusitado trouxe o melhor vinho transformando rostos enrugados em rostos sorridentes, no jantar também havia sopa de tartaruga que trouxe calor e paixão a todos da mesa.

Nesse instante pessoas se regalavam e pedidos de desculpa foram feitos o auge da festa foi a alegria de poder saborear a vida.

Uma vida saborosa que agora seria degustada sem traumas, pressões ou neuras. Os prazeres simples da vida não iriam mais ser negados, o prazer de comer bem de beber bem na companhia de seus melhores amigos. Não haveria mais a burocracia do perdão e muito menos a inércia do amor, por que todos compartilhavam do mesmo momento de prazer.

Prazer que não pode ser deixado de lado como o prazer de estar e beber entre amigos, comer e contar a sua vida de forma simples e compartilhar da sua vida em detalhes de forma aberta na clareza da informalidade.

Assim Babette mostra que a graça esta nas pequenas coisas, que a graça não é monopólio de um culto, uma religião ou somente um grupo de pessoas destinadas a viver com graça.

A graça acontece em uma mesa de jantar entre pessoas que só querem ser pessoas e não autômatos programados para negar o dom da vida.

A graça é encontra na piada da mesa de jantar, também se encontra graça no pão da mesa em cada dia que não falta, encontra-se graça no abraço do amigo, encontra-se graça agora aqui e em todo lugar pode-se encontrar graça.

A graça não pode ser domada e podemos entender que ter graça não significa de fato ser mais amado por Deus.

"Afinal não há nada no mundo que possamos fazer para que Deus nos ame mais e também não há nada que se faça na vida para que Deus nos ame menos."

Havia graça no jantar de uma mulher que não foi desgraçada pelas normas e apelos em não agraciar-se com a vida.

2 comentários:

Pep disse...

Cara acho q eu li esta historia no livro maravilhosa graça...

Muito bom o texto gente!

Marco Alcantara disse...

Existe uma menção sim no Livro Maravilhosa graça sobre o filme só que essa é minha versão.

Abraço!

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