Quando estiver em Minas Gerais, aproveite para conhecer a obra sacra de Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho. Vale lembrar que esse homem, portador de deficiências terríveis, que o faziam andar de joelhos e esculpir escondido, para esconder suas chagas, praticamente um monstro, superou tudo isso e criou uma obra marcante. Ah, vale lembrar também que ele nunca existiu. É um produto de ficção de um historiador picareta.
Os maiores assassinos de índios brasileiros eram os próprios índios; e eram, sobretudo, genocidas, promovendo faxinas étnicas tribais. Além disso, tribos beligerantes aliaram-se aos europeus para matar os inimigos. Quem? Ora, outras tribos, outros índios. E os silvícolas nunca tiveram a menor noção de ecologia ou preservação florestal, coisa que aprenderam com os portugueses, de quem pegaram algumas doenças e pra quem passaram tantas outras. A aliança de algumas tribos e portugueses serve para ilustrar a premissa. Imaginem naus repletas de homens fracos e doentes. Na praia, milhares de guerreiros. Embora tudo esteja fundamentado em estudos e documentos, a lógica nos ajuda a compreender a obviedade da aliança – e também a história de guerras constantes entre as tribos. Para um tupi, o português era tão estrangeiro quanto um caiapó.
O grade “Zumbi dos Palmares”, capturava escravos de fazendas vizinhas para que trabalhassem à força no hiper sul real modelo socialista “Quilombo dos Palmares”. Na África, inclusive, a mão de obra escrava era usada de forma comum, negros explorando negros – chegando ao ponto de portugueses usarem escravos como moeda para comprar ouro africano. E príncipes da África vinham ao Brasil, para estudar, e recebiam mordomias, como dezenas de escravos.
Falando ainda em escravidão, José de Alencar, grande escritor, era favorável a ela, tendo enviado três cartas públicas ao Imperador D. Pedro II defendendo tal prática. Machado de Assis, por sua vez, trabalhou durante um ano na Censura Oficial do Império e, por óbvio, vetava obras empregando critérios pessoais quanto ao que seria (ou não) algo “moral”. Jorge Amado não censurava obras, ao contrário, apoiava: em especial Stálin e Hitler. Gilberto Freyre também apoiava, mas não os dois facínoras, e sim a Klu Klux Klan – isso em sua dissertação de mestrado, na Universidade de Columbia, em 1922.
Os guerrilheiros comunistas brasileiros não lutavam por liberdade. De dezoito estatutos e documentos escritos por organizações de luta armada brasileiras nos anos 1960 e 1970, catorze descrevem o objetivo de criar um sistema de partido único e erguer uma ditadura similar aos regimes comunistas que existiam na China e em Cuba. A “Ação Popular”, por exemplo, defendia com todas as letras “substituir a ditadura da burguesia pela ditadura do proletariado” lembra o livro. Ou seja, no golpe de 1964, não havia mocinhos em nenhum dos dois lados – nem do lado dos torturadores psicopatas nem do lado dos que queriam “transformar” o Brasil em uma Cuba – possivelmente ainda mais avacalhada, se é que isso é possível.
Ah, sim, o golpe maior na auto-estima brasileira: Santos Dumont não inventou o avião nem o relógio de pulso. De fato, os irmãos Wright inventaram mesmo os aeroplanos e, bom, os relógios já existiam havia tempos – p.ex. Rainha Elizabeth I, militares europeus do século XIX etc.
A história, dizem, é uma coisa que não aconteceu, contada por alguém que não estava lá. Aqui no Brasil virou uma coisa pior: um instrumento de doutrinação, torcendo os fatos para dar “lições de humanismo”. Leandro Narloch, que ainda por cima escreve bem pacas, nos lembra de que a história serve para entender de onde viemos e o que nos tornou o que somos. O resto é enrolação.
Quem “revisou” a história, portanto, foram as determinações governamentais, em busca de heróis e façanhas, sobretudo escondendo passagens não exatamente louváveis. Nos verbetes sobre Machado de Assis, é claro, não vão dizer que trabalhou para a censura. Nenhum fã de Jorge Amado gosta de lembrar de sua paixão jovem pelas idéias de Hitler e Stalin. E há milhares de defensores de Zumbi que sequer supõem da existência de escravos no Quilombo dos Palmares. Mas vale repetir: qual o lado revisor e qual o lado obscurantista nessa história toda (ou nessas histórias todas)?
O “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil”, do jornalistaLeandro Narloch, não deprecia nem destrói a história brasileira. O processo é similar a uma “humanização”, transformando tudo em algo real, crível, verossímil. É óbvio que tudo e todos têm defeitos, não apenas virtudes estupendas. E muitas vezes há fatos interessantíssimos, e deliciosos, justamente nas “mancadas” dessas figuras que sempre fomos forçados a admirar, louvar e enaltecer.
E esqueçam esse papo de “fulano é o maior escritor de nossa geração” ou demais bobagens de puxação de saco, geralmente empregadas para elogiar pangarés oriundos da blogosfera. É tudo bajulação para libretos chatérrimos. Esse aí é ótimo, e o escritor (explícita ou implicitamente) não fala de si próprio a cada dois parágrafos.
Ah! Como poderia esquecer? É CLARO QUE ELE DESCE O PORRETE NOS COMUNISTAS! E não adianta desqualificar, porque a pesquisa é vasta, cada capítulo tem mais referências, estudo e nota de fim que teses mandrakeadas da nossa não menos mandrakeada academia.
E o humor da obra não é culpa de Leandro Narloch, mas sim das trapalhadas de gente como Prestes, Jorge Amado, Getúlio Vargas, Zumbi, Lampião, Santos Dumont, Brizola…
Acreditem: nós somos a piada!
Revisão: Hellen Guareschi
Livro: “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil”
Autor: do jornalista Leandro Narloch
Editora: Leya www.leya.com/
[Via] Blog do Lobão
Um comentário:
Razão mesmo tinha o Tim Maia quando disse que "o Brasil é o único país onde, além de puta gozar, cafetão ter ciúme e traficante ser viciado, pobre é de direita”. Tirando a sacada inteligente do Tim, que negócio é esse de "não adianta desqualificar, porque a pesquisa é vasta, etc.". Quer dizer que a mesma coisa que eles criticam nos outros, ter certezas absolutas sobre tudo, eles fazem? Narloch é só mais um jornalista enganador do estilo Veja, sem qualquer formação em História. Tem todo o direito de escrever a merda que lhe vier na cabeça, mas daí a ser reputado como autoridade nem pensar. Ele foi falar sobre história do Chile com base num único livro editado pelo Pinochet? Isso é referência confiável para se formar um juízo de valor sobre o que quer que seja? Leia bons historiadores, confronte as versões, cheque os dados documentos, não aceite gato por lebre e faça o seu próprio juízo crítico sem ficar dependendo da opinião da direita ou da esquerda. A propósito, Narloch não resistiu a um debate com o Fernando Morais no youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=UFnWmGbgWXI
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