Já ouviu falar daquele louco que acendeu uma lanterna numa clara manhã, correu para a praça do mercado e pôs-se a gritar incessantemente: "Eu procuro Deus! Eu Procuro Deus!"Como muitos dos que não acreditam em Deus estivessem justamente por ali naquele instante, ele provocou muita risadas...
"Onde está Deus", ele gritava. "Eu devo dizer-lhes. Nós o matamos -- vocês e eu. Todos somos assassinos... Deus está morto. Deus continua morto. E nós o matamos..."
Friedrich Nietzche, Gaia Ciência (1882), parte 125
Friedrich Nietzche, Gaia Ciência (1882), parte 125
Quem disse “Ser ou não Ser” com certeza não foi Shakespeare, mas sim Hamelet. Da mesma forma não foi Nie (desculpe a falsa intimidade com o filósofo é que sempre escrevo o nome dele errado prefiro esse apelido carinhoso, rs). Mas sim um “louco” quem disse “Deus está morto”. A obra disse, a literatura disse não o escritor não o criador. Mas, a idéia disse por ser livre.
Então, o que o louco queria dizer? Não que existem "incrédulos" no mundo, pois isso sempre foi verdade; nem simplesmente que Deus não existe. Pois se "Deus está morto", então Ele deve ter vivido algum dia; mas isso é paradoxal, pois se Deus viveu alguma vez, Ele, sendo eterno, não poderia nunca morrer.
Esse louco não disse de um Deus que È sempre FOI e sempre SERÀ, mas de um Deus criado. Por que se ele o morreu nasceu, e se ele o existiu foi criado. Diferente do Deus que não existe por que não foi criado e que É o que É. O louco não queria dizer que não não existe e sim alertar que nós o matamos.
O Deus que o louco diz que morreu é o Deus da crença coletiva. É o Deus ensinado de uma tradição oral. É o Deus de fé alimentada por nossas próprias mãos cheias de idéias inspiradas e limitadas. Matamos Deus nos tornando a medida de todas as coisas até mesmo a medida e vontade do que Deus pensa e do que Deus É.
Nós, ocidentais, ao nos voltarmos cada vez mais para o natural, deixando de lado o sobrenatural, "matamos" o Deus de nossos ancestrais. Os incrédulos da estória de Nietzsche acham muito engraçado se procurar Deus; só o louco constata a terrível gravidade da morte de Deus. Não que ele a lamente; na verdade, ele a chama de "grande façanha", mas uma façanha provavelmente grande demais para nós, os assassinos, suportarmos. "Não deveríamos nós mesmos tornarmo-nos deuses simplesmente para parecermos dignos dela?"
Nie, na verdade, detestava especulações metafísicas sobre a inteligibilidade, natureza e existência (ou não existência) de abstrações sobrenaturais como "Deus". Ele podia ser indiferente a Deus, mas tinha muito a dizer sobre religião.
E, além disso, para Nietzsche, uma religião como o Cristianismo, a despeito dos ensinamentos de Jesus, perpetua a intolerância e o conformismo, o que ele achava especialmente repugnante. Tudo o que é velho, habitual, normativo ou dogmático, pensava ele, é contrário à vida e à dignidade; isso manifesta o que ele chamava de "mentalidade escrava". De certa forma, para que um homem ou uma mulher possa viver, ele ou ela tem que "matar" Deus -- tem que vencer o dogma, o conformismo, a superstição e o medo.
Este é primeiro passo para se tornar,
não um deus, mas um SUPERHOMEM.
Esse louco não disse de um Deus que È sempre FOI e sempre SERÀ, mas de um Deus criado. Por que se ele o morreu nasceu, e se ele o existiu foi criado. Diferente do Deus que não existe por que não foi criado e que É o que É. O louco não queria dizer que não não existe e sim alertar que nós o matamos.
O Deus que o louco diz que morreu é o Deus da crença coletiva. É o Deus ensinado de uma tradição oral. É o Deus de fé alimentada por nossas próprias mãos cheias de idéias inspiradas e limitadas. Matamos Deus nos tornando a medida de todas as coisas até mesmo a medida e vontade do que Deus pensa e do que Deus É.
Nós, ocidentais, ao nos voltarmos cada vez mais para o natural, deixando de lado o sobrenatural, "matamos" o Deus de nossos ancestrais. Os incrédulos da estória de Nietzsche acham muito engraçado se procurar Deus; só o louco constata a terrível gravidade da morte de Deus. Não que ele a lamente; na verdade, ele a chama de "grande façanha", mas uma façanha provavelmente grande demais para nós, os assassinos, suportarmos. "Não deveríamos nós mesmos tornarmo-nos deuses simplesmente para parecermos dignos dela?"
Nie, na verdade, detestava especulações metafísicas sobre a inteligibilidade, natureza e existência (ou não existência) de abstrações sobrenaturais como "Deus". Ele podia ser indiferente a Deus, mas tinha muito a dizer sobre religião.
E, além disso, para Nietzsche, uma religião como o Cristianismo, a despeito dos ensinamentos de Jesus, perpetua a intolerância e o conformismo, o que ele achava especialmente repugnante. Tudo o que é velho, habitual, normativo ou dogmático, pensava ele, é contrário à vida e à dignidade; isso manifesta o que ele chamava de "mentalidade escrava". De certa forma, para que um homem ou uma mulher possa viver, ele ou ela tem que "matar" Deus -- tem que vencer o dogma, o conformismo, a superstição e o medo.
Este é primeiro passo para se tornar,
não um deus, mas um SUPERHOMEM.
Um comentário:
Muito bom Marco!!!!
Realmente o louco "Nie" (olha a familiaridade) é umdos caras (olha aí de novo rs) mais imcompreendido da filosofia, justamente porque para ler Nie é preciso lê-lo (sua história, sua caminhada) também.
Seu texto é muito bom.
Valeu!
Inté!
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