12 de abr. de 2010

Solidão e Comunhão Não Carola


A comunhão carola e contemplativa não permite a ninguém que abra seu armário e exponha seus deslizes mais particulares e execráveis.


Sendo assim, é fácil optar preservar o armário e estar definitivamente sozinho com ele. Se caso decidir abri-lo e professar falhas se perpetuara uma solidão ainda maior diante dos santos de expressões mentirosas.

Os momentos de adoração que aparenta procurar um efeito prosaico, a oração comunitária e toda comunhão no ofício ainda parecem ser períodos de solidão íntima no ambiente dos companheiros.
Falta esperança de reviravolta neste tipo de comunhão, pois só experimentamos a comunhão como cristãos carolas e encaixados em nosso ambiente garantido e nunca experimentamos a comunhão como cristãos não carolas errôneos e carentes de sermos ouvidos.

É muita ousadia se declarar perverso, pois os semblantes carolas se vestiriam de odiosidade com a descoberta de um abominável sujeito em meio aos lícitos de justiça cômoda e própria.

O infeliz fato é que os ossos continuam lá no armário e logo não terá mais espaço. Nos domingos de manhã podemos todos juntos apenas fingir acreditar no pesar dos nossos erros e permanecer fingindo acreditar no perdão em um processo de cínico remorso e cínica beatitude.

O medo da justiça própria entre as pessoas não atrai ninguém a se mostrar como realmente é. Mas o isolamento na fortaleza das próprias convicções, racionalismos e temores às vezes nos tornam incapazes de enxergar que talvez nós não sejamos tão diferentes de alguém com justiça própria quanto gostaríamos.
Porém existem outros solitários, trepidantes e desconfiados tão igualmente solidários a comunhão não carola querendo repartir com experiência e confessar fracassos e desventuras. Estes comungam livremente de suas derrotas com quem quer que seja para depois rirem juntos de todas elas. Excepcionalmente os imperfeitos entenderão os destroços confessos por experimentar dos mesmos desastres.


Afortunados são os imperfeitos que comungam nos desgostos e que podem se confessar uns aos outros sem receio na comunhão não carola.

Ao contrário disso viveríamos em um trancado e sufocante solipsismo, buscando uma realidade única com o próprio eu e de que apenas as próprias experiências defeituosas são autênticas.

Um comentário:

Eder Barbosa de Melo disse...

Olá, fico feliz em tê-lo como seguidor, peço que conheça o Blog http://recortecotidiano.blogspot.com/ que tem sido atualizado com mais frequencia, depois passo aqui com mais tempo para comentar alguns de seus textos que são muito interessantes. Obrigado!

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