8 de dez. de 2012

Comparações: O Catecismo de Heidelberg, a Confissão Helvética e a Confissão de Westminster



O Catecismo de Heidelberg

Formulado por Zacarias Ursino e Gaspar Oliviano sob as ordens do príncipe eleitor Frederico III, o Catecismo de Heidelberg possui influências luteranas, uma vez que seus elaboradores, muito embora houvessem estudado diretamente com Calvino, possuíam grande influência de Melanchton com quem também haviam estudado.

Todavia, tal documento se apresenta uma belíssima obra, que combinada com os Catecismos de Westminster (Maior e Menor) podem ser de grande utilidade à Igreja.

Quando falamos em influência Luterana esta não se apresenta diretamente, mas na ausência de um aprofundamento maior em temas como Eleição, Salvação, Santificação e Ceia do Senhor. Na abordagem dos credos, especificamente no que diz respeito à expressão “desceu até o inferno”, o Catecismo de Heidelberg chega mesmo a ser simplista (no bom sentido, tendo em vista que a Confissão de Westminster e seus Catecismos, foi trabalhada por um parlamento e durante vários anos).

Finalmente, o Catecismo de Heidelberg é o mais devocional de todosos catecismos produzidos na Reforma, sendo elaborado de tal forma que seja estudado nos 52 domingos do ano.

Diferenças entre a Confissão Helvética e a Confissão de Westminster.

Temos duas confissões helvéticas uma produzida em 1536 por um grupo de teólogos e outros delegados, e, outra, produzida em 1562, por Heinrich Bullinger num exercício pessoal e publicada pelo príncipe Frederico III, sendo adotada pelas igrejas reformadas da Suiça, Hungria, Polônia, França, dentre outras.

Ao fazermos uma comparação entre as duas confissões (Helvética e de Westminster) não podemos deixar de observar que Westminster foi à última das confissões produzida, tendo, portanto todas as anteriores para levar em consideração no que diz respeito à extensão de seus temas e profundidade de sua abordagem.

Podemos observar que nas doutrinas da Trindade e das Pessoas e naturezas de Cristo, os Símbolos de Fé produzidos em Westminster seguem a tradição de Nicéia-Constantinopla, Calcedônia, e os Symbolum Quicunque (Credo Atanasiano), e não diferem em nenhuma consideração significante das Confissões Reformadas. O mesmo é verdadeiro das doutrinas da criação e da queda do homem e de sua salvação em Jesus Cristo.

Podemos, contudo, observar que a Confissão de Westminster é mais vigorosa do que os credos Reformados sobre a matéria da imputação da culpa do pecado de Adão (V, 3) e, subsequentemente  sobre a verdade da justiça imputada (XI, 1. Veja também O Catecismo Menor, 18 & 33). A Confissão de Westminster teve também um capítulo inteiro devotado à questão do livre-arbítrio (IX), e outros capítulo sobre as boas obras (XVI), que é um extensivo e excelente tratamento deste assunto. Alguns detalhes interessantes aparecem no tratamento da soteriologia

No capítulo X, 3 é feita menção da regeneração, embora isto seja identificado com o chamado eficaz, mas no XIII,1 os dois são mencionados lado a lado. No X, 3 aparece uma declaração estranha que parece implicar que é possível aos adultos eleitos serem salvos sem o ministério da Palavra. No XI,4 a justificação eterna e temporal são mencionadas juntas. Em toda a área de Eclesiologia e Escatologia, nenhuma diferença significante aparece entre os dois grupos de confissões, embora a Confissão de Westminster tenha desenvolvido mais extensivamente idéias como a lei de Deus (XIX), liberdade Cristã e liberdade de consciência (XX), juramentos legais e votos (XXII), magistrados civis (XXIII) – onde a autoridade para chamar os Sínodos é dada aos magistrados, censuras Eclesiásticas (XXX), e Sínodos e Concílios (XXXI). 

A Confissão de Westminster é também o único credo de importância na tradição Protestante que rotula o papa como o Anticristo (XXV, 6).

Há duas importantes áreas onde as Confissões de Westminster têm um tratamento muito mais detalhado de doutrinas vitais do que as Confissões Reformadas. Uma é a doutrina da Escritura; a outra é a doutrina do pacto.


Fontes:
Mark, A. Noll, “Confissões de Fé”, EHTIC, vol. I


6 de dez. de 2012

Jesus é tão louco quanto o chapeleiro, e a última ceia é a festa do chá maluco



Se o mundo é são, então Jesus é tão louco quanto o chapeleiro, e a última ceia é a festa do chá maluco.

O mundo diz: Preocupe-se com a sua própria vida; Jesus diz: Não existe esse negócio de própria vida. 

O mundo diz: Siga o caminho mais inteligente e seja um sucesso; Jesus diz: Siga-me e seja crucificado. 

O mundo diz: Dirija com cuidado- a vida que você salva pode ser a sua; Jesus diz: Quem procu
rar salvar sua vida, a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa, achará. 

O mundo diz: Lei e ordem; Jesus diz: Amor.

O mundo diz: Tome; Jesus diz: Entregue. Levando-se em conta o que o mundo considera sanidade, Jesus é demente como um simplório

Qualquer um que pense em poder segui-lo sem ser um pouco louco trabalha mais por uma ilusão que pela cruz. "Nós somos loucos por causa de Cristo...", diz Paulo, diz a fé- a fé de que, em última análise, a loucura de Deus é mais sábia que a sabedoria do homem, a insanidade de Jesus mais sã que a implacável sanidade do mundo.

Frederick Buechner

2 de dez. de 2012

Um dia há de chegar..


“Um dia há de chegar em que os homens novamente serão chamados a proferir a Palavra de Deus, de tal maneira que o mundo, sob sua influência, se transforme e se renove. Será uma linguagem nova, talvez completamente a-religiosa, mas será uma linguagem libertadora e redentora como a fala de Jesus. Então os homens hão de se espantar com ela, mas mesmo assim serão dominados por seu poder. Será a linguagem de uma nova justiça e verdade, a linguagem que anuncia a paz de Deus com os homens e a proximidade de seu reino”.
Dietrich Bonhoeffer
Pastor Luterano, em 1944, de uma prisão na Alemanha de Hitler.
(BONHOEFFER, D. Resistência e Submissão. São Paulo: Paz e Terra, 1990. p. 149).

1 de dez. de 2012

Satisfação em Deus



Por Marco Alcântara

Podemos perguntar a nós mesmos onde está a nossa satisfação. Talvez, nós paramos e pensamos por um momento que nossa satisfação esta em ver a alegria dos nossos filhos, a nossa realização no trabalho, o conforto no casamento ou ainda, mais satisfeitos em “coisas do que em pessoas”.

I Timóteo - 6:17Ordene aos que são ricos no presente mundo que não sejam arrogantes, nem ponham sua esperança na incerteza da riqueza, mas em Deus, que de tudo nos provê ricamente, para a nossa satisfação.

A satisfação em nós mesmos e nas coisas que podemos realizar só nos leva a certa distância em uma caminhada de breve e momentâneo contentamento sem podermos ir mais além.

Essa satisfação é como ondas em um mar revolto que vêm e vão constantemente trazendo alegria na maré, e ondas que vem com um temporal de tristezas que apagam os traços da alegria riscados na areia.

Temos inúmeros textos que proclamam a alegria no Senhor, o descanso Nele e a satisfação de sermos consolados e nunca abandonados a mercê de qualquer circunstância. Nosso Pai é cheio de graça, transborda em graça e nos deu graça por aliança imerecida, pactual e pontual. A nossa alegria e satisfação em Nosso Pai magnífica a sua graça e proclama Sua Glória e isso acontece através da nossa comunhão com Ele. Em comunhão com Seu Espírito estamos prontos para as ondas revoltosas, estamos abundantes a ter paciência em meio ao sofrimento.

Precisamos submergir no mais intenso mar de Divindade, e nos perdermos em sua imensidão, até ficarmos cheios e transbordarmos em alegria, satisfação e contentamento em Deus. Transbordantes para dizer como o salmista: “O meu cálice transborda”.

Estamos entrelaçados em um amor eterno: “Os montes passarão, os morros serão removidos, mas a minha aliança não te abandonará”

A medida do amor de Deus é amar sem medida. Nesse amor não ha tempo e nem circunstância, apenas o consentimento de Sua aspiração.

O Senhor nos fez para Ele e nosso espírito sempre estará inquieto se não descansarmos Nele.

Satisfação na salvação:
I Crônicas - 16:35 - Dizei: Salvai-nos ó Deus de nossa salvação, e recolhei-nos e salvai-nos de entre as nações: para que possamos celebrar o vosso santo nome e ter a satisfação de vos louvar.

Satisfação na Palavra:
Salmos - 1:2 - Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite.

Satisfação em dar testemunho:
Daniel - 4:2 - Tenho a satisfação de falar-lhes a respeito dos sinais e das maravilhas que o Deus Altíssimo realizou para mim.


 Nele por Sua graça!



17 de nov. de 2012

Tulipas Multicoloridas - Parte I



Faz muito tempo que não posto nada no blog. Muito disso se deve ao tempo como argumentação principal, mas também posso dizer que muita coisa em mim mudou o Senhor fez uma reforma completa em mim. O Lion of Zion passou por todas as minhas fases na fé até mesmo na fase "ateísta confusa" e nas fases universalistas, emergentes e pentecostais.

Essas fases estão expostas em todo o conteúdo do blog. Também cansei de tentar ser relevante na internet, assumo que nada deve ser levado tão a sério assim. Penso em ser relevante sem me preocupar em ser relevante.

Também pensei em criar um novo blog para expor as minhas idéias monergistas, mas não consigo sepultar o Lion of Zion, talvez minha cosmovisão atual bata de frente com textos antigos que estão no blog ou mesmo espalhados pela blogesfera. Entendo que isso é bom para mim mesmo, me faz lembrar que cresci na fé e que ainda preciso amadurecer em algumas questões.

Não é de hoje que vivo esta nova realidade teológica, aliás já faz três anos (sem contar a fase de namoro). Só agora que senti a inspiração de escrever sobre isso.

Lion of Zion agora é calvinista?

Não sou fã do termo calvinista, por achá-lo muito vago e raso, prefiro termos como reformado e monergista que entendo serem mais abrangentes. 

Sei que hoje me admiro com a beleza das tulipas e suas multicores.


7 de mai. de 2012

Confissões Agostinianas




Mas, que amo eu, quando te amo? Não amo a beleza do corpo, nem o esplendor fugaz, nem a claridade da luz, tão cara a estes meus olhos, nem as doces melodias das mais diversas canções, nem a fragrância de flores, de ungüentos e de aromas, nem o maná, nem o mel, nem os membros tão afeitos aos amplexos da carne. Nada disto amo quando amo o meu Deus.

E, contudo, amo uma luz, uma voz, um perfume, um alimento, um abraço de meu homem interior, onde brilha para minha alma uma luz sem limites, onde ressoam melodias que o tempo não arrebata, onde exalam perfumes que o vento não dissipa, onde se provam iguarias que o apetite não diminui, onde se sentem abraços que a saciedade não desfaz.

 Eis o que amo quando amo o meu Deus!

‘O corpo, devido ao peso, tende para o lugar que lhe é próprio, porque o peso não só tende para baixo, mas também para o lugar que lhe é próprio. Assim o fogo encaminha-se para cima, e a pedra para baixo. O azeite derramado sobre a água aflora à superfície; a água vertida sobre o azeite submerge-se debaixo deste: movem-se segundo o seu peso e dirigem-se para o lugar que lhes compete. 

As coisas que não estão no próprio lugar agitam-se, mas quando o encontram, ordenam-se e repousam.

O meu amor é o meu peso. Para qualquer parte que vá, é ele quem me leva. O vosso Dom inflama-nos e arrebata-nos para o alto. Ardemos e partimos. Fazemos canções no coração e cantamos o “cântico dos degraus”. 

É o vosso fogo, o vosso fogo benfazejo que nos consome enquanto vamos e subimos para a paz da Jerusalém celeste. “Regozijei-me com aquilo que me disseram: Iremos para a casa do Senhor”. Lá nos colocará a “boa vontade”, para que nada mais desejemos senão permanecer ali eternamente.’

(trechos extraídos de Confissões, livro de Santo Agostinho)

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